sábado, 29 de março de 2008

Pedido de Desculpas aos Leitores

Caros amigos,

Como devem ter notado, nos últimos dias não tenho tido tempo de postar no blog com a mesma frequência de antes. As aulas recomeçaram e com elas recomeçaram as preocupações, os grupos de estudo, as provas, os trabalhos, os relatórios, os problemas das relações humanas...

Estou cheio de material novo! Entupido de casos cômicos a relatar, mas infelizmente não tenho tido tempo. Por isso minhas postagens, que antes estavam sendo diárias, serão agora um pouco mais esporádicas - provavelmente uma ou duas vezes por semana apenas. Continuarei colocando crônicas, vídeos e notícias, mas darei preferência às crônicas daqui pra frente. E, caso seja de interesse de vocês (favor manifestarem-se nos comentários!), posso colocar algum conteúdo mais "informativo" também.

Então meus amigos leitores, lembrem-se sempre: eu não esqueço de vocês. Nunca. Apenas estou cuidando de alguns afazeres urgentes para que possa escrever cada vez mais para vocês no futuro.

E eu voltarei mais ácido, então preparem-se...

Forte abraço,
Denivval.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Enquanto as pesquisas com células-tronco continuam paradas... Cuecas!

Cueca milagrosa elimina 'pneuzinho' indesejado sem esforço

Segundo a empresa japonesa Wacoal, 95% dos homens de 30 a 40 anos que vivem em zonas urbanas do Japão estão preocupados com o acúmulo de gordura abdominal. E, segundo essa mesma empresa, vestir uma cueca pode ser a principal solução para esse problema.

A Wacoal garante que sua linha de cuecas "Cross walker" permite que os homens percam peso em volta da cintura sem fazer esforços. A tecnologia milagrosa utilizada pela cueca, porém, não é divulgada. A Wacoal afirma que já vendeu 7,2 milhões de exemplares da versão feminina dessa roupa íntima nos últimos três anos no Japão.


"É um conceito totalmente novo. Permite que a pessoa se mantenha em forma apenas usando essa roupa íntima, que transforma o caminhar em exercício", afirma Yoshikata Tsukamoto, presidente da Wacoal.

Apesar de sua alimentação considerada saudável, o Japão não está à margem do aumento da obesidade no mundo. Vinte milhões dos 127 milhões de japoneses estão acima do peso em distintos níveis em torno do abdômen, segundo cifras oficiais.

Notícia retirada do G1. Pergunta: Eu sou o único que está mais preocupado com a cura de doenças degenerativas do que com quais cuecas vou vestir na semana que vem?

sábado, 22 de março de 2008

DESLIGADO DO REINO DOS CÉUS?

Um certo dia, enquanto estávamos todos reunidos no centro acadêmico discutindo assuntos eminentemente filosóficos (como qual era a natureza da relação de Aristóteles com seu mentor, Platão – se é que me entendem...), Manoel Mineiro aparece com uma carta em mãos, e com um sorriso “amarelo” no rosto. Perguntei o que era, e ele me explicou que havia acabado de receber uma carta de sua antiga igreja (ele já foi batista), sendo “desligado” dela. Mas o problema não era exatamente seu “desligamento”, já que ele não compartilhava mais daquela crença e não freqüentava a igreja há três anos. O problema era a própria carta. Ele a mostrou para mim e a li em voz alta, para todos os presentes:

Prezado irmão Manoel Pirro Gecconhoto De Minas Gerais,

Estamos comunicando ao irmão, através desta, que em assembléia ordinária realizada em 16 de julho do corrente, esta Igreja votou desligar o seu nome do rol de membros, por motivo de seu afastamento.

Independente da razão que o tenha levado a afastar-se das atividades da Igreja, asseguramos-lhe que amamos o irmão, sentimos sua falta e que as portas estão abertas para que o irmão volte a integrar novamente o corpo de Cristo. Teremos alegria em recebê-lo de volta a nosso convívio, quando desejar e gostaríamos que o irmão considerasse seriamente esta possibilidade, visto que a Palavra de deus afirma em Mateus 16:19 "...e tudo o que ligares na terra será ligado nos céus; e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus".

Estamos a seu dispor a qualquer hora para auxiliá-lo em seu retorno ao Senhor.

No amor de Cristo,

Pastor XXXXXX XXXXXX XXXXXX
(Omito o nome aqui para preservá-lo).

A gargalhada foi geral. Manoel Mineiro não só havia sido “desligado” da igreja, como do próprio reino dos céus! O pastor o enviou para o inferno com um beijinho na testa, e esperava que isso funcionasse como algum tipo de chantagem para que ele voltasse arrependido implorando perdão.

Neste dia haviam pelo menos quinze pessoas reunidas no minúsculo centro acadêmico, e todas ficaram boquiabertas ao mesmo tempo em que não conseguiam conter o riso. Dois dos mais “folgados” saíram do recinto e começaram a circular pelos corredores gritando: “O mineiro foi desligado do céu! O mineiro foi desligado do céu!”, enquanto os outros se limitavam a tentar entender como raios um pastor, que supostamente deveria ser uma autoridade religiosa (e portanto minimamente inteligente), podia assinar um documento daqueles.

Mas para o azar do pastor, naquele dia estava presente o Coroinha. “Coroinha” era o apelido de um amigo nosso, um baixinho supostamente quieto mas com uma tremenda cara de malandro, que ganhou esta alcunha por utilizar a frase “sou cristão” antes de iniciar qualquer argumentação sobre qualquer tema. Ele era de fato cristão, mas não seguia a nenhuma igreja conhecida – dizia que seguia o “cristianismo primitivo”, e que todas as igrejas que vemos por aí são distorções e formas corrompidas do cristianismo original. A forma pessoal de cristianismo que ele tinha não o impedia de ter um comportamento completamente libertino e boêmio, embora ele tentasse parecer um sujeito quieto a maior parte do tempo. Mas no caso do pastor que expulsou Manoel Mineiro dos céus, ele simplesmente não podia deixar passar. Ele PRECISAVA usar isso como um protesto.

Coroinha pegou a carta e tirou uma cópia, e começou a circular pelos corredores da faculdade com a carta e uma folha de papel. Ele explicava a todos o que tinha ocorrido e pedia o nome deles, que seria usado para “protestar” contra a atitude do pastor. Em menos de uma hora já havia recolhido cerca de cinqüenta assinaturas.

E foi então que seu “protesto” foi realizado. Ele voltou para o centro acadêmico e, se utilizando do telefone da igreja que estava impresso no papel timbrado da carta, ligou para lá. Ainda fez questão de colocar no viva-voz para que todos nós ouvíssemos o diálogo. Uma espécie de secretária atendeu.

Secretária: Boa noite, em que posso ajudar?

Coroinha: Boa noite, eu gostaria de uma informação.

Secretária: Sim, pode falar.

Coroinha (já segurando o riso): Um amigo meu, ex-membro da sua igreja, acabou de receber uma carta dizendo que ele foi desligado da mesma e, conseqüentemente, segundo Mateus 16:19, foi desligado do reino dos céus também.

Secretária (interrompendo): Como é o nome do seu amigo?

Coroinha (já vermelho e praticamente incapaz de conter o riso): Ele prefere permanecer no anonimato. O que eu gostaria de saber é se a sua igreja presta este tipo de serviço para terceiros, porque eu tenho uma lista aqui com cerca de cinqüenta nomes de pessoas que gostariam de ser desligadas do céu...

Secretária (abismada): COMO?

Coroinha (já falando com dificuldade devido à vontade de rir): É, eu gostaria de saber como vocês prestam esse serviço, se há alguma taxa, se vocês emitem certificado...

Secretária: O senhor se acha muito engraçadinho, não é?

Neste momento Coroinha não agüentou e desligou o telefone, soltando uma imensa gargalhada – assim como nós, os espectadores, que já estávamos passando mal por tentar conter o riso.

Não satisfeito, o Coroinha procurou um computador na universidade e redigiu uma CARTA, pedindo à igreja o desligamento do reino dos céus para todas as pessoas que haviam assinado a sua lista. A carta dizia que os certificados poderiam ser enviados ao centro acadêmico do curso de filosofia na universidade federal, e Vico fez questão de carimbá-la dando o aval do centro acadêmico. Segundo o raciocínio de Vico, depois nós poderíamos enviar um pedido de mesmo teor para a igreja satanista a fim de que fôssemos desligados do inferno. Com isso viveríamos para sempre, já que o papa (dos católicos romanos) extinguiu o limbo.

A carta foi endereçada ao pastor e enviada por fax para a igreja. Uma segunda cópia, digital, foi enviada diretamente para o e-mail do pastor.

Até hoje não obtivemos resposta. O pastor (e/ou a igreja em questão) nunca entrou em contato conosco ou nos enviou nossos certificados.

Manoel Mineiro continua desligado dos céus até hoje.

sexta-feira, 21 de março de 2008

Andy Mckee e Antoine Dufour

Peço desculpas aos leitores por não ter postado nada ontem. Sabem como é, véspera de feriado, muitas coisas a resolver...

Para compensar, estão aqui dois vídeos de excelentes instrumentistas. O primeiro é Andy Mckee, tocando "Drifting":



O segundo é Antoine Dufour, tocando "Song for Stephen":



Espero que gostem. Amanhã eu volto, abraços!

terça-feira, 18 de março de 2008

Estudo brasileiro localiza célula-tronco adulta em vaso sanguíneo

Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto concluíram, após cinco anos, um estudo que demonstra que as células-tronco adultas mesenquimais estão nas paredes de todos os vasos sanguíneos. Antes disso, essas células eram mais encontradas na medula óssea.

A pesquisa, feita por profissionais do Hemocentro e do Hospital das Clínicas (HC), foi publicada na edição de março da revista científica internacional "Experimental Hematology". "Esse é um conceito novo e muda a nossa visão sobre essas células", diz o pesquisador Dimas Tadeu Covas, que preside o Hemocentro e é professor da Faculdade de Medicina da USP de Ribeirão.

Células-tronco, adultas e embrionárias, são células indiferenciadas e, por essa característica, têm o potencial de serem usadas no tratamento de diferentes doenças degenerativas, como lesões cardíacas. As mesenquimais dão origem a componentes do sangue. "Estando nos vasos sanguíneos, elas controlam inúmeros mecanismos de reparo e regeneração", afirma o cientista.

Segundo Covas, os resultados da pesquisa ainda são iniciais e agora é necessário entender essa célula para estudar a possibilidade de uso em tratamentos clínicos. "Abriu-se uma avenida nova de investigação", afirma ele. "Com a análise inicial, podemos intervir e começar a trabalhar especificamente com células de cada um dos tecidos, para ver como se comportam." O objetivo da equipe é estudar como elas agem no fígado, no cérebro e em outras partes do corpo. Covas explica que, apesar da descoberta, a medula óssea continua sendo uma fonte importante de células-tronco adultas, por sua facilidade de obtenção.

Enquanto o uso de células-tronco adultas é permitido no Brasil, a utilização das embrionárias está sob julgamento no Superior Tribunal Federal (STF). As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".


Notícia extraída do G1.

segunda-feira, 17 de março de 2008

COMO PARECER UM FILÓSOFO E ENCANTAR MULTIDÕES

Este site está ficando popular, e por conta disso tenho recebido algumas críticas em relação ao seu conteúdo. Dizem que eu não deveria assiná-lo como "pretenso filósofo", já que um verdadeiro filósofo jamais se definiria assim (E por acaso eu me defini assim?) e que o conteúdo dele não é filosofia propriamente dita (Será que ninguém percebeu que o site é de humor e de crítica? Eu até escrevi isso de forma bem clara...). Também tenho notado um renovado interesse pela filosofia - ultimamente o brasileiro está levando menos a sério aquela bobagem de que "política, futebol e religião não se discutem" e já é possível ver algumas pessoas reunidas debatendo os mais diversos assuntos, nos mais diversos lugares, apenas pelo prazer de debater (Sim, eu sei que isso não é filosofia e sim retórica. Tentem usar o cérebro e entender que vai um pouco além disso...).

Pensando nisso, elaborei este pequeno manual do pseudo-filósofo. "Como parecer um filósofo e encantar multidões" é indispensável para que as pessoas de seu círculo de amizades o considerem um verdadeiro amante da sabedoria. Mesmo que você não o seja. É muito fácil ganhar o status de "intelectual", basta ter um certo número de atitudes cotidianas. As descrevi abaixo, espero que sejam úteis.

FALE DE FORMA REBUSCADA: Use palavras difíceis. Faz com que você pareça mais inteligente do que realmente é. Todo dia leia um pouco de algum dicionário e memorize os termos mais difíceis. Abuse de vocábulos incomuns. Afinal, o propósito da comunicação não é ser entendido pelo seu interlocutor – é parecer mais esperto do que ele.

USE ESTRANGEIRISMOS: Cite autores alemães sem traduzir seus aforismos, use termos gregos, frases latinas e de vez em quando alguma coisa em francês. Dependendo da situação, até inglês ou espanhol servem. O importante é que estrangeirismos são benquistos, coisa de gente sofisticada. Não interessa se existe um termo na sua língua materna que quer dizer exatamente a mesma coisa. Pseudo-filósofos são poliglotas por natureza.

CRITIQUE ALGUMA COISA: O sistema capitalista, o catolicismo/islamismo/pentecostalismo, os cientistas, o imperialismo norte-americano, o presidente da república, o ateísmo ou Raul Seixas. Não importa, você deve criticar alguma coisa (mesmo que o “alvo” seja escolhido de forma completamente arbitrária). Isso faz você parecer uma pessoa bem-informada.

TENHA UM DESAFETO: Não é suficiente criticar alguma coisa qualquer de vez em quando, você precisa de um inimigo, um desafeto FIXO. Se for cristão critique os ateus, se for ateu critique os cristãos, se for comunista critique o capitalismo, se for avesso a tecnologias critique a vida nas cidades, se for vegetariano critique o consumo de carnes... O importante é ter algum “inimigo permanente” para parecer “engajado” em alguma causa (por mais ridícula que seja). E não se esqueça de fazer a sua causa parecer importante e justa.

SEJA PARANÓICO: Os illuminati e a maçonaria querem dominar o mundo, e vigiam a todos nós através da máfia chinesa. Extraterrestres existem e nos vigiam também, mas as “aparições” de discos voadores são uma conspiração dos governos para ocultar testes militares. A igreja católica esconde manuscritos sobre a verdade da existência, e as pirâmides astecas e egípcias foram construídas pelas mesmas pessoas, que são citadas em anagramas nas obras de Leonardo Da Vinci. Leia tudo o que conseguir encontrar de Dan Brown e J. J. Benítez. Pessoas adoram pensamentos paranóicos e teorias de conspiração, são o melhor passatempo para os desocupados de plantão e fazem com que você pareça inteligente por conseguir encontrar “sentido” em coisas completamente absurdas e não-relacionadas.

ESTEJA NA MODA: Nunca fique obsoleto! Se a moda é criticar cientistas, critique. Se é criticar a igreja, critique. Se a moda são as teorias de conspiração, fique mais paranóico. Se o assunto polêmico do momento é o vegetarianismo, defenda-o (ou critique-o)! Se forem as células-tronco, escreva uma carta aberta a algum congressista (ele não vai ler mesmo...). O importante é se manter “atualizado”, faz com que você pareça um intelectual preocupado com os assuntos da atualidade.

OBSERVE: Enquanto as pessoas debatem um assunto qualquer, FIQUE QUIETO OBSERVANDO. NÃO ABRA A BOCA. Preste bastante atenção ao que elas dizem e aos seus argumentos, vá “colhendo material” para que quando você finalmente entre na discussão, tenha contra-argumentos para refutar todo mundo. Como você ficou quieto durante a primeira parte da discussão, isso dá a impressão de que você é “observador”, “analítico” e “cauteloso”. Depois que você começar a falar, aí sim, pode ser verborrágico à vontade e tagarelar por horas. E lembre-se: pseudo-filósofos nunca defendem ninguém. Discorde de todo mundo. Você é mais inteligente do que eles, não tem porque concordar com ninguém – jamais outro ser humano pensaria em algo que você já não pensou antes, ou discorreria sobre um assunto melhor do que você.

CITE AUTORES: Tenha sempre uma citação na ponta da língua. Nietzsche, Agostinho, Aristóteles, qualquer um serve. Claro, o autor a ser “utilizado” deve ser escolhido com base nos seus gostos individuais – por exemplo: se você for um pseudo-filósofo que gosta de catequizar os outros e trazê-los para a cristandade, abuse das citações de Tomás de Aquino. Citar alguma frase de um autor consagrado faz com que você pareça um erudito.

SE NÃO SABE, INVENTE: Não conseguiu se lembrar de nenhuma citação de seu autor preferido, ou de nenhum autor que tenha abordado o tema que está sendo discutido? Invente! “Segundo Julio De La Rosas em sua obra ‘princípios de uma filosofia metafísica’, a essência do ser é...”. Pouco importa, ninguém conhece mesmo (afinal, não existe!) – mas todos ficarão com cara de “é, esse é um argumento convincente...”. Toda vez que não tiver nenhum argumento, invente algo e faça parecer genuíno.

SEJA ARROGANTE: Você é melhor que todo mundo. Por isso, deve agir de acordo. Abuse da ironia e do sarcasmo, e toda vez em que alguém abrir a boca, balance levemente a cabeça de forma negativa, como se estivesse pensando: “pobre coitado...”. Você não empresta seus livros (mesmo que não tenha nenhum), não vai pra happy hour depois do trabalho e não faz amigos no meio da “ralé”. Você é um intelectual, e deve se portar de acordo.

ABUSE DA PRIMEIRA PESSOA: “Após minha imensa carga de leituras, eu cheguei a um estágio onde estou certo de que...”. Isso dará um complemento à atitude arrogante, e focará a atenção de todos em você – o que fará com que se lembrem de que já o conheceram, ou melhor, que conheceram um intelectual de tão alta estirpe.

SE META ONDE NÃO É CHAMADO: Um amigo seu brigou com a esposa? Se manifeste sobre o assunto e defenda um dos lados. Viu uma notícia no jornal? Discorra sobre ela com seus convivas, e escreva ao editor. Encontrou um blog na internet? Escreva para o autor dizendo que ele deveria trocar o conteúdo e o título. Alguém quer consertar uma torneira? Diga que a pessoa está fazendo errado. É óbvio que a humanidade jamais poderia se organizar sem a sua iluminação e onisciência.

VOCÊ É INJUSTIÇADO: Quando as pessoas começarem a se incomodar com seu hábito de dar opiniões quando não é chamado, ou com a má-qualidade daquilo que você diz, afirme que a função do filósofo é passiva. Filósofos são meros espectadores, que observam atentamente e conhecem a verdade e a melhor maneira de agir devido ao seu imenso poder de observação – quando tentam interferir são injustiçados pelos outros seres humanos, que não possuem as mesmas faculdades intelectuais que lhes permitiriam lidar com a situação da melhor forma possível e por isso tentam execrá-lo. E você é resignado quanto a isso – se o barco está afundando e você sabe como consertá-lo, irá afundar junto com os demais tripulantes a menos que eles peçam a sua opinião a respeito – a função do filósofo não é ficar “distribuindo” sabedoria por aí, um verdadeiro sábio só ensina aos que querem aprender. Em outras palavras, diga que estão sendo injustos com você e convença-os de que você não é um intrometido que só fala asneiras. Na verdade, você apenas é inteligente demais para ser compreendido.

CONSTRUA ANALOGIAS: Quando argumentar, abuse das analogias. Não importa se elas são aplicáveis ou não, se estão corretas ou não, ou se o raciocínio é válido ou não. Apenas abuse das analogias. Afinal, você é um “educador”, ansioso por iluminar o mundo com sua sapiência, e eles jamais entenderiam um pensamento tão complexo e profundo quanto o seu sem alguma analogia malfeita para exemplificá-lo.

AJA COMO ALGUM TIPO DE “PROFETA”: Você veio à Terra para iluminar os outros seres humanos. Aja de acordo. Trate a todos como se fossem seus “discípulos”, queiram eles ou não. E você sabe de tudo. Tudo mesmo. O tempo todo. Sua palavra é a palavra final. Você também é um poço de qualidades: sábio, humilde, inteligente, letrado... Se alguém o contestar, é apenas uma pobre alma em processo de aprendizagem, que só o contesta porque você PERMITE ser contestado como parte do aprendizado deste seu novo discípulo.

TUDO É RELATIVO: A verdade objetiva não existe. É claro que se uma pessoa cair de cabeça na calçada após ser empurrada do 10º andar de um prédio, irá morrer. Mas talvez não. Nunca se sabe. Tudo é relativo, a realidade não passa de interpretações efêmeras. Um constructo social. Todo mundo pode achar o que quiser sobre qualquer coisa (a menos que discordem de você). Você deve ser relativista ao extremo, e ainda fazer questão de confundir relativismo com relatividade. Se estiver perdendo alguma discussão, use o relativismo como salvaguarda para sair dela o mais rápido possível. Se estiver ganhando, seja benevolente com o debatedor adversário e defenda a posição dele ao final, apenas para refutá-la novamente em seguida. Ninguém está certo, e ao mesmo tempo todos estão. Claro que isso é apenas uma desculpa para permanecer preso às próprias opiniões eternamente, independente de corresponderem à realidade ou não – um jeito de massagear o ego e se sentir sempre correto. Mas ninguém precisa ficar sabendo disso. Ou não.

JAMAIS DEFINA O QUE É FILOSOFIA: A filosofia não se presta a definições. Ela deve ser compreendida em sua totalidade, em si mesma. Se insistirem muito, cite meia dúzia de “definições” diferentes de autores consagrados. Mostre como as diferentes definições apenas provam que a filosofia não pode ser definida. E depois dê um jeito de mudar de assunto.

JAMAIS SE APRESENTE COMO “FILÓSOFO”: Você é um sábio, e sábios são humildes. Mais do que isso, aceitar um rótulo desses é aceitar ser limitado. Fora que seria um desrespeito com os grandes autores do passado que você, um mero iniciante no caminho dos iluminados, se apresente como filósofo. Quando se referirem a você como “filósofo”, diga que é um “apreciador da filosofia” ou um “estudioso do assunto”, nada mais. Ou invente alguma forma louca de se descrever: diga que é um “filosofante”, e não um “filósofo”. Verdadeiros pseudo-filósofos nunca se assumem como tal.

DEFENDA O DIREITO DA FILOSOFIA DE SER INÚTIL: A filosofia não é algo utilitarista, ela é inútil e defende o direito de ser inútil. Aplicações práticas da filosofia, como filosofia da ciência, filosofia política ou filosofia da arte simplesmente não existem. Filosofia = metafísica + ontologia. Só. E jamais diga que metafísica ou ontologia possuem aplicação prática. Isso é uma contradição com argumentações que você vai utilizar em outros momentos, mas não importa – não foi você quem se contradisse, os outros é que não lhe entenderam direito. Quando lhe perguntarem sobre a natureza de uma aplicação qualquer da filosofia (o que é filosofia da ciência, por exemplo), responda apenas que se trata de um “ferro de madeira”.

SEJA ALEATÓRIO: Qual a relação entre maiêutica socrática e a queda da bolsa de Hong Kong? Nenhuma. Para o mau observador. Você conhece a relação, e é capaz de discorrer sobre ela por longas horas. E não existir relação, você é capaz de inventá-la. Outra atitude importante é ser aleatório com seus temas. Se você criticou a igreja hoje, amanhã deve defender que o mundo está uma droga devido à perda dos valores religiosos. Não se preocupe em ser coerente, seus seguidores farão o trabalho de encontrar coerência no seu discurso. De graça.

FALE DE ARTE: Pessoas cultas entendem de arte. Então, fale de arte. Dê a impressão de que você entende tudo sobre o assunto. Aquele monte de círculos e quadrados coloridos no papel não são apenas algo completamente aleatório e sem nexo criado para tirar dinheiro de trouxas, são uma crítica contumaz, a expressão mais visceral da crise da pós-modernidade. Cite cinema francês e literatura russa. Tenha discos de música tribal africana no carro, para o caso de alguém lhe pedir uma carona. E não se esqueça de expressar sua imensa admiração pela bossa nova. Mas, para casos de emergência, decore o nome de meia dúzia de sinfonias de Beethoven e Bach, bem como o nome de alguns quadros de pintores renascentistas. Nem sempre é possível escapar de uma discussão sobre o assunto usando apenas “arte contemporânea”.

FAÇA MAU USO DE SCHOPENHAUER: Schopenhauer escreveu manuscritos sobre como uma pessoa pode vencer um debate sem necessariamente ter razão, usando de alguns “truques sujos”. Estes manuscritos foram publicados postumamente, incompletos, e acredita-se que ele os tenha escrito como uma forma de se “prevenir” contra pessoas que se utilizavam destes “truques sujos” para vencer certos debates. Um bom pseudo-filósofo conhece TUDO sobre estes estratagemas de Schopenhauer, mas os utiliza com o objetivo oposto – ele os usa justamente para VENCER as contendas sem ter razão. Se estiver em uma discussão de qualquer natureza, lembre-se sempre de Schopenhauer. Especialmente se estiver perdendo.

SEJA PROLIXO: Fale muito, escreva muito, ENROLE bastante. Quanto mais palavras usar, seja por escrito ou verbalmente, melhor. Dá a impressão de que você tem conteúdo. Não importa se você pode dizer o que pensa com uma frase curta de cinco palavras, um texto de 30 linhas ou um discurso de meia hora para dizer a mesma coisa é bem melhor. Ser sucinto é coisa de broncos sem cultura e não-civilizados. E não se esqueça de ser redundante às vezes.

TENHA UM HÁBITO ESQUISITO: Leia enquanto caminha e se lhe perguntarem a respeito, diga que é o “método peripatético”. Beba café descafeinado misturado com coca-cola. Use boina. Deixe a barba crescer durante anos. Fale sozinho. Gesticule como se estivesse dando uma palestra enquanto supostamente ninguém está olhando. Pouco importa qual o seu hábito esquisito, desde que você tenha um. Isso lhe tornará uma pessoa “única”, e fará com que os outros se lembrem de você.

NÃO BEBA CERVEJA: Pseudo-filósofos bebem apenas vinho. A menos que você seja alemão, caso em que irá tomar apenas cerveja dinamarquesa. Você pode consumir outras bebidas somente em ocasiões muito especiais, como em uma reunião social em que esteja discorrendo sobre a cultura popular nacional – e neste caso, só poderia tomar pinga ou cerveja de uma fábrica local pouco conhecida (esqueça as grandes marcas).

RECLAME MUITO: Reclame de tudo. Nunca esteja satisfeito. Pseudo-filósofos sempre têm algo a dizer, e a forma mais fácil de conseguir isso é reclamando de tudo e de todos.

SE NADA MAIS FUNCIONAR... Esfregue um diploma na cara de alguém. Pouco importa sua formação, o que importa é que você é uma “autoridade”. É claro que pessoas um pouco mais inteligentes vão questionar se você tiver um diploma de física e estiver discorrendo sobre evolução das espécies e sua relação com a filosofia, mas a maior parte do populacho se deixa impressionar por qualquer coisa – mesmo que você tenha se formado em uma universidade caça-níqueis.

A pergunta inevitável: se tudo isso são as atitudes de um falso filósofo, onde estão os verdadeiros filósofos? Não sei, é bem difícil encontrar um. Presumo que eles devam estar bem ocupados tentando ter conteúdo ao invés de somente parecer que o têm...

sábado, 15 de março de 2008

Russo bêbado destrói casa com tanque

Um tanque de guerra dirigido por um soldado bêbado destruiu parte de uma casa em um vilarejo da região dos Urais, na Rússia. Cenas gravadas pela câmera de um celular mostram um homem subir cambaleando no tanque com garrafas na mão. Pouco depois, o tanque arranca e faz manobras desastradas até atingir a quina da parede de uma casa simples do vilarejo. Um buraco imenso é aberto, e ouve-se uma risada. Algumas pessoas cercam o tanque e gesticulam. "Tirem ele do tanque", grita uma mulher, desesperada.

Promessa


O Exército russo prometeu pagar pelos danos, mas disse que o tanque devia estar quebrado e perdeu o controle quando se dirigia pata um terreno de exercícios de testes. Antes, o Exército havia dito que o veículo tinha escorregado em gelo derretido. "Claro, houve violações, mas a tripulação agiu de boa-fé", disse o coronel Konstantin Lazutkin, porta-voz da unidade militar russa. "Graças a Deus eles não atiraram", disse o inconformado proprietário da casa.

Esse daí levou muito à sério o papo do filósofo sobre o direito de estar embriagado...

Para quem não entendeu a imagem que acompanha a notícia, é uma garrafa em formato de soldado. A matéria foi retirada do G1.

sexta-feira, 14 de março de 2008

ISSO AQUI É UMA ZONA!

As primeiras palavras de Vico ao tentar me explicar como aquela universidade funcionava foram: “Ih rapaz, isso aqui é uma zona!”. Isso dito em voz alta, ao meio de uma gargalhada, enquanto meu novo amigo dava uma tragada em seu cigarro, não parecia importante. Mas eu viria a descobrir depois, por conta própria, que aquilo era muito sério, e minha “sobrevivência” na universidade dependia do entendimento das relações de poder que se estabeleciam lá dentro.


Como funciona no papel...

A universidade possuía dois campus, um termo pomposo em latim para dizer que eles não conseguiram construir tudo em um lugar só e então precisaram construir metade da instituição em um outro bairro. A administração cabia (pelo menos em tese) ao reitor, e abaixo dele ficavam as pró-reitorias com seus respectivos pró-reitores (Administração, Extensão, Pesquisa, etc.). A universidade era dividida em centros (Centro de Ciências Jurídicas, Centro de Ciências Naturais, etc.) e estes centros em departamentos. Os departamentos organizavam os cursos e ofertavam disciplinas para eles. E o aluno só deveria ir lá e estudar, fazer pesquisas para que seu estudo gerasse alguma forma de “retorno” à sociedade, e pronto. Depois de alguns anos sairia com o diploma e todo mundo ficaria feliz.

Na prática, não era bem assim que a coisa funcionava.

O reitor é uma figura quase mítica. Poucos são os que já o viram pessoalmente. É ele quem determina coisas como construção de novos prédios dentro da universidade, verba destinada a cada centro, e similares. Mas ninguém nunca o vê. Em todas as solenidades para as quais é convidado (incluindo formaturas), ele manda o vice-reitor no lugar dele. Se aparece algum problema mais grave, como alunos revoltados invadindo a reitoria, ele calmamente tranca seu armário de biscoitos dentro do gabinete, sai entregando a chave com algum segurança, e depois manda o testa-de-ferro vice-reitor para agüentar o rojão. Obviamente, por ocupar o cargo máximo da universidade, ele é o culpado por tudo o que pode dar errado dentro dela (e às vezes até fora). Aqui, o reitor funciona como um abajur – está lá, ninguém sabe ao certo para que serve, às vezes você usa para alguma coisa, mas é a primeira coisa que você pensa em atirar na parede quando os ânimos esquentam.

As pró-reitorias eram um amontoado de gente, siglas e funções que ninguém entendia direito como funcionavam. Siglas pomposas como PRPPG, PROGRAD e PROEX confundem não só alunos, mas professores. Sempre que um professor se sentia inspirado perto de algum de seus pupilos, fazia um discurso sobre como a universidade deveria se apoiar em três “pilares”: ensino, pesquisa e extensão. Na teoria, o pessoal que trabalhava nessas coisas de nomes complicados é que deveria cuidar disso. Na prática, a maioria dos alunos nem sabe para que servem as pró-reitorias, e acham que é só um lugar legal que serve de “cabide de emprego” para um monte de gente incompetente que faz um cafezinho horrível e atrapalha a nossa vida com papelada. Existe um fundo de verdade nessa acusação, mas deixemos isso para outro dia.

Os centros funcionam basicamente como um conglomerado de departamentos. É com os centros que os departamentos brigam quando querem algum equipamento novo, verba, ou espaço para fazer alguma coisa. Também é com eles que os alunos brigam quando querem montar um palco no estacionamento de algum prédio e fazer festa até o dia seguinte – eles eram responsáveis pelo espaço físico também. Isso complicava as coisas: se você fosse fazer a festa no estacionamento do prédio de direito, deveria procurar a direção de um centro; se fosse no prédio de oceanografia, outro. Claro, isso era facilmente contornado fazendo as festas sem pedir permissão para ninguém, apenas “molhando a mão” do vigia noturno.

Os departamentos eram de longe os alvos mais visados, não só pelos alunos, mas pela própria estrutura administrativa da universidade. Algo deu errado? Coloque a culpa no departamento. Algo deu errado e a culpa foi sua? Tente colocar a culpa no departamento vizinho. De forma simplificada, um departamento é um grupo de professores que passa boa parte do tempo discutindo o que vão fazer com sua função de professores. O departamento de filosofia, por exemplo, “administra” o curso de filosofia – determina como é a grade, quais disciplinas os alunos vão poder cursar no semestre, essas coisas. Quando um outro departamento (digamos, psicologia) precisa de um professor da filosofia para lecionar alguma disciplina (“introdução à filosofia”, por exemplo), cabe ao departamento escolher quem é o pobre coitado professor que será mandado para lá. Existem departamentos-fantasma na universidade também – por exemplo, há um departamento de ecologia que não “administra” coisa alguma, pois não existe curso de ecologia na instituição. Ele só serve para “emprestar professores” pro curso de ciências biológicas, que necessariamente precisa de professores de ecologia. Por que não jogam os professores do departamento de ecologia para o de biologia e depois extinguem o primeiro? Não me pergunte... Alguns dizem que tem algo a ver com os biscoitos do reitor, mas eu, particularmente, não acredito nisso.

Parece simples e funcional, não? Nem tanto. Se a universidade se limitasse a um grande número de senhores e senhoras de meia-idade divididos em gangues grupos que ficam brigando entre si, com alguma organização vertical entre eles, estaria tudo ótimo. O problema é que o lugar tem alunos também... Seres recém-saídos da adolescência, entupidos de hormônios e loucos para marcar o território como sendo deles. E é aí que surgem os problemas – os grupos de senhores e senhoras de meia idade não podem mais se concentrar em brigarem mutuamente – precisam pensar no que fazer com aqueles jovens pentelhos audaciosos, divididos em grupos tão diversos quanto eles próprios.

Os alunos.

Claro, entender a motivação dos alunos ajudaria. Os professores e funcionários da universidade presumem erroneamente que os alunos estão lá para aprender algo, ou, na pior das hipóteses, sair de lá com o diploma. Os próprios alunos alimentam essa ilusão. Mas não é bem assim: a universidade é encarada pela esmagadora maioria como uma espécie de “colônia de férias” onde você se hospeda para circular com seus amigos, encher a cara e arrumar uma companhia legal para mais tarde. Nada de errado nisso, ninguém agüenta ficar 4 horas por dia ouvindo sobre como Guimarães Rosa fazia uma referência à filosofia Heideggeriana cada vez em que seu personagem Migüilim abria a boca. Mas o problema surge quando você só faz isso. Ou pior, quando só faz isso e ainda acha que está contribuindo com a sociedade.

O melhor exemplo para ilustrar a questão é o Diretório Central dos Estudantes, ou DCE. Em tese, são um grupo de alunos que se junta para discutir os importantes rumos da universidade, da sociedade brasileira e as mudanças que precisam ser feitas para melhorar cada vez mais o nosso ensino. Na prática, são um pessoal que se veste com camisetas do Che Guevara que custam 150 reais, gostam de bancar os pseudo-intelectuais citando frases feitas ao melhor do estilo “propaganda política para o povão” e são filiados a algum partido de esquerda, como o PT ou o PSOL. Aliás, poucas coisas são tão cômicas quanto ver um membro do DCE falando. “Os membros da chapa 1, que é do PT, brigaram com os membros da chapa 2, que é do PSOL, o que proporcionou votos à chapa 3, que é do PMDB...”. Sim amigos, as chapas possuem DONOS. Estes importantes jovens intelectuais que alegam defender os interesses dos alunos são todos filiados a algum partido, e são OS PARTIDOS que dizem a eles como devem se organizar e agir em relação aos assuntos da faculdade. Felizmente, a maioria deles não possui muita competência – se algum deles tivesse, já estaria mandando até no reitor.

E já que mencionei o reitor de novo, é importante lembrar que ele é o principal alvo do DCE. Cada vez que ele dá um espirro, alguém pega um megafone e vai para a frente da reitoria gritar palavras de ordem sobre como a classe trabalhadora é oprimida e necessitada, e a universidade está se tornando um feudo de pequenos-burgueses. Se o reitor fizer algo muito grave – como passar mais de dois meses sem dar notícias – os alunos do DCE organizam uma ocupação da reitoria para reclamar melhores condições de estudo, com uma pauta de reivindicações que já estava pronta há meses e serve só para isso – já que eles poderiam ter reivindicado aquelas coisas muito antes.

As ocupações da reitoria são algo divertido de se observar. Deveriam ser um movimento político-social de relevância. Na prática, servem para lançar na mídia o nome de uma meia dúzia de “líderes estudantis” (ou seja, membros da máfia do DCE) que no futuro se candidatarão ao cargo de vereadores como iniciação na carreira política. As ocupações também servem para transformar a reitoria no motel da universidade, e o gabinete do reitor em boca-de-fumo. Depois que os jornalistas vão embora, claro. Dizem as más línguas que o DCE tem até um “caixa dois” cujo único propósito é pagar os abortos das meninas que engravidam durante as ocupações da reitoria, e que esse “caixa dois” é mantido pelo salário que alguns dos estudantes recebem em cargos-fantasma na assembléia legislativa. No entanto, nunca conseguiram provar estes boatos.

O mais interessante é que quando você questiona os membros do DCE ou seus simpatizantes a respeito da forma como eles agem, é IMEDIATAMENTE acusado de ser um pequeno-burguês elitista que não se importa com a miséria e o sofrimento dos milhões que passam fome para pagar o ensino público, é tido como um “ignorante em assuntos político-sociais” e uma pessoa desinteressada sobre o que ocorre na universidade. Em resumo, é taxado de “aluno que só quer entrar na universidade, pegar o diploma e sair”. Eles sempre tentam usar como argumentação que você nunca aparece nas reuniões do DCE, sendo que as tais “reuniões” raramente são divulgadas para o grande público e quando o são e você vai, parece uma tentativa de lavagem cerebral para que você se una ao “partido”.

Ou seja: o pessoal do DCE é o melhor exemplo disponível para explicar como é um aluno que age exatamente como se fosse um adolescente em uma colônia de férias, mas acha que é um importante membro da sociedade brasileira indispensável ao progresso social e político do país. Interessante que apesar de tamanha pompa e barulho, e da importância que eles atribuem a si mesmos, a esmagadora maioria dos alunos da instituição não está nem aí para o que eles fazem ou deixam de fazer. Eles encaram isso como “serviço de mártir” – estão se sacrificando para que os burgueses possam viver com tranqüilidade – os demais alunos encaram eles como garotos burros que se expõem em excesso para resolver pepinos nos quais eles não colocariam a mão. De certa forma, ambos estão corretos. Em parte.

Demais tretas!

Mas o DCE não é o único a arrumar problemas. Alunos, professores, funcionários, todo mundo arruma confusão lá dentro – de um jeito ou de outro.

Existe um professor na filosofia que tem incontáveis processos administrativos internos contra ele, que vão de venda de material didático aos alunos a tentativa de desvio de bolsa de um de seus orientandos. Sujeitos estranhos ficam nos corredores tentando te vender o “jornal da causa operária” por R$3,50 a cada vez que você passa. Um hacker invadiu o sistema da universidade e aumentou o número de vagas de uma disciplina para que amigos pudessem fazer a matrícula, obrigando o professor a contratar outro hacker para desfazer a bagunça, sem sucesso. Os seguranças são tarados que se escondem e ficam observando cada vez que encontram um casalzinho fazendo sexo em alguma parte da universidade. O pipoqueiro satisfaz os desejos sórdidos dos seguranças quando ninguém está olhando. Não se sabe se foram alunos ou professores, mas andaram cultivando certas “plantas geneticamente modificadas” em uma pequena “horta” atrás do departamento de ecologia, o que rendeu sérios problemas com a divisão de narcóticos da polícia federal. Certa vez um aluno de agronomia apareceu no centro dizendo que seu histórico acadêmico continha um erro, pois ele havia sido aprovado com nota máxima em uma disciplina na qual nunca se matriculou e sequer tinha os pré-requisitos – a disciplina era “cirurgia cardio-toráxica II”, e pertencia ao curso de medicina. Interessante saber que os alunos de lá são tão bons que conseguiriam fazer um transplante de coração em uma vaca mesmo sem nunca terem estudado isso antes.

E isso tudo é só a ponta do iceberg.

quinta-feira, 13 de março de 2008

Diferenças musicais

Bem, este texto não é meu - recebi a piada por e-mail. Mas achei boa o suficiente para colocar aqui (mentira: estou sem tempo para escrever mesmo!). Amanhã eu volto com a terceira parte da saga épica de Denivval no curso de filosofia!

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Para entender as diferentes vertentes do Metal e do Rock, vamos imaginar uma situação e seus respectivos desfechos na abordagem de cada estilo. No alto do castelo, há uma linda princesa - muito carente - que foi ali trancada, e é guardada por um grande e terrível dragão…

HEAVY METAL: O protagonista chega no castelo numa Harley Davidson, mata o dragão, enche a cara de cerveja com a princesa e depois transa com ela.

METAL MELÓDICO: O protagonista chega no castelo num cavalo alado branco, escapa do dragão, salva a princesa, fogem para longe e fazem amor.

THRASH METAL: O protagonista chega no castelo, duela com o dragão, salva a princesa e transa com ela. Depois percebe que a princesa é uma piranha e faz uma musica xingando ela.

POWER METAL: O protagonista chega brandindo sua espada e trava uma batalha gloriosa contra o dragão. O dragão sucumbe enquanto ele permanece em pé, banhado pelo sangue de seu inimigo, sinal de seu triunfo. Resgata a princesa. Esgota a paciência dela com auto-elogios e transa com ela.

FOLK METAL: O protagonista chega acompanhado de vários amigos e duendes tocando acordeon, alaúde, viola e outros instrumentos estranhos. Fazem o dragão dormir depois de tanto dançar, e vão embora, sem a princesa, pois a floresta está cheia de ninfas, elfas e fadas.

VIKING METAL: O protagonista chega em um navio, mata o dragão com um machado, assa e come. Estupra a princesa, pilha o castelo e toca fogo em tudo antes de ir embora.

DEATH METAL: O protagonista chega, mata o dragão, transa com a princesa, mata a princesa e vai embora.

BLACK METAL: Chega de madrugada, dentro da neblina. Mata o dragão e o empala em frente ao castelo. Sodomiza a princesa, a corta com uma faca e bebe o seu sangue em um ritual até matá-la. Depois descobre que ela não era mais virgem e a empala junto com o dragão.

GORE: Chega, mata o dragão. Sobe no castelo, transa com a princesa e a mata. Depois transa com ela de novo. Queima o corpo da princesa e transa com ela de novo.

SPLATTER: Chega, mata o dragão, abre-o com um bisturi. Sodomiza a princesa com as tripas do dragão. Abre buracos nela com o bisturi e estupra cada um dos buracos. Tira os globos oculares da princesa e estupra as órbitas. Depois mata a princesa, faz uma autópsia, tira fotos, e lança um album cuja capa é uma das fotos.

DOOM METAL: Chega no castelo, olha o tamanho do dragão, fica deprimido e se mata. O dragão come o cadáver do protagonista e depois come a princesa.

WHITE METAL: Chega no castelo, exorciza o dragão, converte a princesa e usa o castelo para sediar mais uma "Igreja Universal do Reino de Deus".

NEW METAL: Chega no castelo se achando o bonzão e dizendo o quanto é bom de briga. Quer provar para todos que também é foda e é capaz de salvar a princesa. Acha que é capaz de vencer o dragão; perde feio e leva o maior cacete. O protagonista New Metal toma um prozac e vai gravar um disco "The Best Of".

GRUNGE: Chega drogado, escapa do dragão e encontra a princesa. Conta para ela sobre a sua infância triste. A princesa dá um soco na cara dele e vai procurar o protagonista Heavy Metal. O protagonista grunge sofre uma overdose de heroína.

ROCK N’ROLL CLÁSSICO: Chega de moto fumando um baseado e oferece para o dragão, que logo fica seu amigo. Depois acampa com a princesa numa parte mais afastada do jardim e depois de muito sexo, drogas e rock n roll, tem uma overdose de LSD e morre sufocado no próprio vômito.

PUNK ROCK: Cospe no dragão, joga uma pedra nele e depois foge. Picha o muro do castelo com um "A" de anarquia. Faz um moicano na princesa e depois abre uma barraquinha de fanzines no saguão do castelo.

HARD CORE: Chega de skate no castelo corre do dragão até chegar no topo do castelo onde está a princesa, olha a princesa que é baita gostosa, volta pra casa e bate uma bronha pensando nela.

PROGRESSIVO: Chega, toca um solo virtuoso de guitarra de 26 minutos. O dragão se mata de tanto tédio. Chega até a princesa e toca outro solo que explora todas as técnicas de atonalismo em compassos ternários compostos aprendidas no último ano de conservatório. A princesa foge e vai procurar o protagonista Heavy Metal.

HARD ROCK: Chega em um conversível vermelho, com duas loiras peitudas e tomando Jack Daniel’s. Mata o dragão com uma faca e faz uma orgia com a princesa e as loiras.

GLAM ROCK: Chega no castelo. O dragão ri tanto quando o vê que o deixa passar. Ele entra no castelo, rouba o hair dresser e o batom da princesa. Depois a convence a pintar o castelo de rosa e a fazer luzes nos cabelos.

RAP: O protagonista chega de camioneta Cadillac aro 25 cravada no chão com o som bombando, desce ele e mais 5 negão, cada um puxa uma 45 cromada com detalhes de ouro e diamante, descarregam todas as balas no dragão, pegam a princesa e fazem um filme pornô, depois manda os negão tirar a pele do dragão pra fazer um sapato e um sofá pro novo castelo.

EMOCORE: Chega ao castelo e conta ao dragão o quanto gosta da princesa. O dragão fica com pena e o deixa passar. Após entrar no castelo ele descobre que a princesa fugiu com o protagonista Heavy Metal. Escreve uma música de letra emotiva contando como foi abandonado pela sua amada e como o mundo é injusto.

INDIE ROCK: Entra pelos fundos do castelo. O dragão fica com pena de bater em um nerd franzino de óculos e deixa ele passar. A princesa não aguenta ouvir ele falando de moda e cinema e foge com o protagonista Heavy Metal.

quarta-feira, 12 de março de 2008

Achmed - O terrorista morto

Hoje eu vou tirar uma pequena folga do blog, mas deixo vocês com o ventríloquo Jeff Dunham e seu personagem Achmed. A tradução não é das melhores, mas continua engraçado (e quem consegue entender o que eles falam não vai ter problemas com isso).

Abraços!

terça-feira, 11 de março de 2008

Bota na conta do papa!

A igreja católica acabou de inventar quatro novos pecados. Como se a gente já não tivesse problemas demais tentando não desejar a mulher do próximo, não comer aquele chocolate batuta em frente à TV ou não ficar com raiva dos políticos, eles acrescentaram mais QUATRO problemas com os quais a humanidade precisa se preocupar. Isso foi hoje. Mas como eu estava desatualizado, não sabia que antes disso eles já haviam inventado mais dois pecados. Ou seja, são SEIS novas trangressões na lista.

Os que já haviam sido “acrescentados”:

- Uso exagerado da mídia (internet, televisão, rádio e jornais);
- Divulgação de conteúdo impróprio nesses meios de comunicação;

Os novos pecados, inventados essa semana:

- Manipulação genética;
- Poluição ambiental;
- Uso e tráfico de drogas;
- Injustiças sociais.

Ou seja, o papa é um GÊNIO. Ele condenou a humanidade INTEIRA ao inferno. Qualquer boteco de esquina hoje tem internet banda larga e TV a cabo, e existe muita gente que é viciada em televisão, rádio e internet. Fora os “pequenos transgressores”. O trânsito está engarrafado e você ligou o rádio? Vai pro inferno. Comprou um cd? Vai pro inferno. Assina algum jornal que é entregue na sua casa todos os dias de manhã? Vai pro inferno. Tem Orkut? Vai pro inferno. Chegou em casa cansado e ligou a TV para relaxar? Vai pro inferno. Assistiu o programa do Gugu ou do Faustão no domingo? Bem, aí você está pedindo...

Quem trabalha com meios de comunicação está ferrado. Todos os jornalistas estão automaticamente condenados (eu mandei minha última ex, que era jornalista, para o inferno... acho que praga minha pega). Fotógrafos, atores, músicos, jornalistas, blogueiros, programadores, webdesigners, políticos, vai todo mundo pro inferno...

(O capeta vai ter um trabalho desgraçado quando Lula e seus trapalhões forem para lá!)

Quanto aos quatro pecados “da semana”, a escolha foi bem interessante... Manipulação genética virou pecado, então todos os pecuaristas e agricultores que selecionam os melhores espécimes para a reprodução, obtendo assim uma produtividade melhor, estão condenados. Ou seja, todos os pecuaristas e agricultores do mundo, sem exceção, já que não existe nenhum que não faça isso. Será que o papa não sabia que isso é uma forma de manipulação genética também? Ele deve pensar que esse termo só se aplica àquela coisa bonitinha que cientistas fazem em laboratório... E que só existe em filme, porque os cientistas estão LONGE de fazer certas coisas que permeiam o imaginário popular.

Poluição também virou pecado. Se você é dono de uma indústria, vai pro inferno. Aliás, só trabalhar numa indústria já te dá direito a uma passagem só de ida para visitar o tinhoso. Jogou um chiclete na calçada? Inferno. Usa celular? Inferno. Fuma? Inferno. Possui mais do que precisa (mais que duas mudas de roupa, por exemplo)? Inferno. Usa computador? Inferno. Gasta muita água? Inferno. Tem carro? Inferno. Anda de ônibus? Inferno. Já usou uma sacola plástica alguma vez na vida? Inferno. Vidro? Burn baby, burn...

O mais engraçado de todos os pecados (ou melhor, dos novos pecados) é a “injustiça social”. O papa foi tão genial que condenou a África, as Américas, a Ásia e a Oceania ao inferno. Sobrou só a Europa, e ainda assim, com ressalvas. Mas peraí... Se ele condenou a manipulação genética e, por tabela, a pecuária e a agricultura, isso não aumenta a fome no mundo? Não aumenta a desigualdade social? Se ele condenou a poluição e, por tabela, as indústrias, principais geradoras de empregos em certos países, isso não aumenta a desigualdade social também?

E claro, aqui cabe aquela pergunta midiática (ops, pequei): “tem culpa eu”? Tenho culpa de ter nascido no Brasil, e não em uma Inglaterra ou Alemanha? Ah, não interessa... eu tenho um blog, vou pro inferno de qualquer jeito. Meu consolo é que nunca vou me sentir sozinho por lá, já que a humanidade INTEIRA vai junto.

Depois perguntam por que a popularidade do nosso amigo anda tão em baixa... O departamento de marketing do vaticano é péssimo! Como eles queriam que o papa fosse popular mandando todo mundo pro inferno? Ah, esqueci... Eles não possuem marqueteiros. É pecado.

Perdoai-o senhor, ele não sabe o que faz.

Ainda bem que não acredito nessas coisas.

segunda-feira, 10 de março de 2008

Filósofo defende o direito de ficar bêbado

Hoje é dia de receber os calouros e calouras da filosofia, e em homenagem a eles o Jornal "La Vanguardia" publicou a seguinte notícia (observem o naipe do camarada):

"A embriaguez é um direito humano fundamental", diz Javier Esteban

Víctor-M. Amela

Tenho 42 anos. Nasci e vivo em Madri. Licenciado em Filosofia e Direito, dirijo a revista universitária "Geração XXI". Sou casado e tenho duas filhas, Alma (10) e Sol (8). Sou um excêntrico de centro. Sou sufi: caminho para onde caminha o amor. O poder combate a embriaguez.

A entrevista:

LV - O que é a embriaguez?

Esteban - Uma expansão da consciência que descortina os véus que ocultam a realidade.

LV - Desde quando ela existe?

Esteban - Desde sempre. Até os animais se drogam com substâncias naturais, com frutos fermentados... Formigas, cabras, pássaros, macacos... Todos se extasiam e brincam!

LV - Então nós somos como os animais?

Esteban - Não, eles agem por um determinismo instintivo, mas nós temos liberdade! Liberdade para a embriaguez. Liberdade para experimentar com a nossa consciência.

LV - Liberdade para nos drogarmos?

Esteban - É o uso dessa liberdade que nos torna humanos! O direito à embriaguez, portanto, é um direito humano fundamental. "Que ninguém venha me dizer quantos copos de vinho eu posso beber", disse Aznar. Ele tem razão. Mas com certeza a droga favorita dele é o poder, como a de Zapatero...

LV - Nem Zapatero nem Rajoy nunca fumaram nem um baseado, conforme declararam.

Esteban - Por uma questão de geração, custa-me crer que Zapatero nunca tenha experimentado um baseado. É como se o pai dele nunca tivesse provado um copo de vinho!

LV - Quem é que coíbe o direito humano à embriaguez, em sua opinião?

Esteban - A Igreja católica e o Estado (igreja laica), que querem fiscalizar a nossa consciência.

LV - Castigando os motoristas bêbados?

Esteban - Não, eu não me oponho a sancionar as condutas que são perigosas para terceiros. Mas critico o fato de que estão boicotando o autocontrole que temos de nossa consciência.

LV - Desde quando isso acontece?

Esteban - Começou com a destruição do templo grego de Eleusis, no século 4 d.C.

LV - Agora você foi longe!

Esteban - Desde o ano de 1.500 a.C., no contexto dos mistérios eleusinos, acontecia um ritual de embriaguez que cada grego vivia uma vez na vida, e isso lhes abria as portas da consciência.

LV - Em que consistiam esses mistérios?

Esteban - Eram rituais que aconteciam à noite. Em comunhão coletiva, eles ingeriam um enteógeno.

LV - O que é um enteógeno?

Esteban - A palavra significa "deus existe dentro de mim". É uma substância psicoativa capaz de induzir a uma experiência extática de unidade com o cosmos. Uma vivência da divindade.

LV - Que substância era ingerida em Eleusis?

Esteban - Uma sopa de cereal chamada "kikeon", que continha cornelho de centeio, um fungo com uma substância psicoativa idêntica ao LSD, o enteógeno mais poderoso conhecido.

LV - O que acontecia então?

Esteban - Cada um vivia a sua própria experiência de consciência expandida. Símbolos eram mostrados e cenas eram representadas para guiar o indivíduo ao autoconhecimento.

LV - Era uma embriaguez ritualizada?

Esteban - Sim, fazia parte do sistema, em benefício da livre consciência de cada indivíduo. Isso foi varrido, destruído. Hoje sentimos falta disso, e nossos jovens, ignorantes, acabam causando danos a si mesmos em suas irrefreáveis tentativas de embriaguez.

LV - Quem destruiu esse ritual?

Esteban - Os bárbaros e os monges cristãos nestorianos, no século 4 d.C. A cultura ocidental ficou sem referência de embriaguez.

LV - Temos o vinho, o álcool...

Esteban - Não são enteógenos, são muletas úteis para nossas vidas insatisfatórias, escravizadas pelo rendimento econômico. E, em vez de expandir a consciência, a deixam turva.

LV - Um pouco de álcool pode cair muito bem.

Esteban - A verdade é que o veneno está na dose, como diziam os gregos.

LV - Que personagens ilustres sabiam disso?

Esteban - Toda a obra de Platão é uma crônica de embriaguez! Aqueles filósofos, assim como os xamãs, chegavam ao êxtase, assim também como os druidas e depois as bruxas, ou até mesmo os místicos, ébrios sem substâncias, que tanto inquietaram a Igreja. O poder estabelecido sempre combateu essas pessoas!

LV - Por que motivo?

Esteban - Não há nada mais dissolvente que o livre acesso à própria consciência! Por isso Nixon arremeteu contra os profetas do LSD (Hoffman, Junger, Michaux, Wason, Huxley, Kesey, Leary...), cujas experiências alimentaram o feminismo, a militância ecológica, o pacifismo, os direitos civis... Nixon declarou guerra à consciência: quando começou a guerra contra a droga, começou a grande catástrofe.

LV - Que catástrofe?

Esteban - Milhões de presos, dezenas de milhares de mortos, narcoditaduras, a terceira maior fonte de renda do mercado negro no mundo, camponeses com fome, multiplicação de politoxicomanias... A proibição da droga foi o maior erro do século 20!

LV - Você propõe eliminar a proibição?

Esteban - Por acaso a proibição evitou que nossas crianças estejam se metendo com drogas aos 13 anos de idade? Não! Pelo contrário: a proibição presenteia as máfias com um poder imenso.

LV - Um político colombiano já me disse isso...

Esteban - Muitos governantes já reconhecem o fracasso da praga proibicionista.

LV - Você faz a apologia das drogas?

Esteban - Das drogas não, mas da embriaguez. Qualquer pessoa maior de idade deveria poder consumir qualquer substância (com o limite único da liberdade de terceiros). E, veja só, Silicon Valley nasceu da embriaguez de pessoas como Bill Gates. Este sim admite que fumou alguns baseados!

LV - O que você diria a Zapatero?

Esteban - Que o direito à embriaguez é um direito inerente à liberdade de consciência, e que a lei deveria protegê-lo.

Tradução: Eloise De Vylder

Ao lado da entrevista há um quadro assim:

Místicos

Esteban me contou que uma experiência lisérgica na mata lhe revelou que os pássaros e as abelhas trançavam, em uníssono, uma dança que escrevia no ar a expressão árabe Ilaha Ilalah (não há mais realidade além da realidade). Caídos os véus, a realidade era uma plenitude na qual não havia diferença entre ele e o mundo, uma experiência de simplicidade amorosa. Depois disso, Javier Esteban escreveu "O Direito à Embriaguez" ('El derecho a la ebriedad', Editora Amargord), um panfleto em defesa do direito que as legislações feitas durante o século 20 consideram um perigo. Esteban insiste: "Não defendo as drogas, mas sim o arroubo, o êxtase, a embriaguez a que toda consciência tem direito". Esse estado ao que o místico chega sem precisar de nenhuma droga.

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Depois quando eu critico essa coisa de bancar o profeta e falar qualquer asneira achando que é filosofia quem não entende nada do assunto sou eu...

Detalhe: eu tenho aula com gente assim.

domingo, 9 de março de 2008

Hora de comemorar!

Em menos de 4 dias de funcionamento (hoje é o quarto, e estamos apenas começando) esta página já teve quase 500 visitantes diferentes. E melhor ainda: eu sei que eles não chegaram aqui por acidente - ainda não estamos aparecendo nas pesquisas do Google (eles demoram um bom tempo para incluir, mesmo depois de cadastrar) e o endereço é esquisito demais para alguém digitá-lo sem querer. Então um bocado de gente realmente teve a curiosidade de vir aqui! (Se leram ou não já é outra história)

Por isso, eu quero agradecer a algumas pessoas que sei que LERAM a página, bem como aqueles que deram dicas importantes sobre como eu poderia melhorá-la. São elas:

Cláudia, Ravick, Bruno, Juliana, Aninha, Gustavo, Nina, Aru, Constantin, Thiago, Manuella (a primeira a se declarar fã!), Diego (ajudou pra caramba com o HTML), Adilson, Vinícius, Sepa, "Purple Rain" (de algumas pessoas eu só sei o nick na internet), Sabine, Igor, Dougls, o outro Bruno, Silésio, Marcelo (não, eu jamais iria colocar fundo azul e letra branca!), Cristiana, "L." (cuidado, os paulistas vão atrás de você!), Fernando, o outro Marcelo, Rafael Jerônimo, Roger, Daniel (ainda estou procurando a revista!), Leonardo, Alexandre, Mariah, "Aa-dreano", Luiz, "SunShine", Renato, Guilherme, "O Observador", o terceiro Marcelo, "Fozzy Osborne" e "Deus" (olha quem anda lendo esse site!).

Também quero agradecer a todos os "anônimos" que passaram e deram uma olhadinha. E aos leitores que estão na Suécia, nos EUA, em Portugal, na Suíça, no Reino Unido, na Alemanha e na França (pode parecer mentira, mas meu contador está acusando conexões desses lugares!).

Só queria pedir um FAVORZÃO a vocês... Quando passarem por aqui, comentem os textos! Só assim eu vou saber que foram lidos, se agradaram, se não agradaram, e o que posso fazer para melhorar a página.

Forte abraço a todos!

Joãozinho na aula de filosofia

Andam reclamando que eu escrevo demais, que internet é lugar de informação instantânea e facilmente digerível e blablabla. Então vou provar que consigo ser engraçado em poucas linhas.


Aula de filosofia:

Professora:
- Quem é o autor grego da frase : "Só sei que nada sei"?

Joãozinho:
- Puta-que-pariu, professora , vai me dizer agora que o Lula é grego!!!???

Qual a utilidade da filosofia?

Vídeo interessante sobre filosofia que achei no Youtube. Alguns visitantes me pediram algo um pouco mais "instrutivo" sobre filosofia, e acredito que esta possa ser uma boa introdução ao tema.




Algumas considerações:

00:15 - Ele fala que alguns professores de filosofia dizem que ela não deve "servir" a alguma coisa. Na verdade, a ESMAGADORA maioria dos professores E ALUNOS de filosofia são assim. Eles se negam deliberadamente e veementemente a buscar qualquer aplicação prática dos seus conhecimentos, e até se ofendem se isso for sugerido. O mesmo ocorre se pedirem a eles uma definição do que é filosofia.

Ele também menciona que alguns afirmam que a ciência e a tecnologia é que devem "servir" ao homem. Sim, muitos professores de filosofia afirmam isso, mas o problema é justamente que muitos não conseguem distinguir ciência (que é o "conhecimento puro", por assim dizer) de tecnologia (instrumentos e técnicas produzidos pelo homem, estes sim "a serviço" de nós). Na verdade, até mesmo algumas pessoas formadas em áreas científicas não sabem distinguir ciência de tecnologia (devido a uma formação deficiente). Não é bonito, mas é a verdade.

1:08 - "Se nós perguntarmos a Sócrates...". Não dá. Ele morreu faz tempo (notem como em todo o trecho em que ele fala sobre Sócrates os verbos são flexionados no presente ou no futuro).

1:42 - Animaçãozinha MEDONHA. E o som é horrível.

2:31 - "Auto-conhecimento no sentido moral e cívico"? Aqui ele viajou. Não liguem, às vezes filósofos tentam falar "bonito" e acabam se atrapalhando.

3:13 - Exemplo do aquecimento global: Ele coloca uma série de coisas como "o papel do filósofo", mas isso não deve ser entendido de forma literal. Sim, as questões que ele coloca são filosóficas - mas NEM SEMPRE os estudiosos de filosofia são aqueles chamados para respondê-las. Felizmente a filosofia é algo ao alcance de todos. Só não se deve confundir esse "amplo alcance" da filosofia com "posso falar qualquer bobagem porque ninguém sabe de nada mesmo" (infelizmente muitos fazem isso, dentro e fora do meio acadêmico). E não são só os entusiastas da filosofia que fazem isso - é mal do ser humano achar que está sempre certo e não admitir os erros de primeira, e alguns seres humanos ainda acham que sabem mais do que realmente sabem. Aí já viu né...

Outro ponto relevante: ele fala do "papel do filósofo" ao aconselhar homens de negócios, políticos e cientistas no exemplo citado, e até menciona (em 3:45) a "visão geral e crítica" que os filósofos possuem. É preciso ter cuidado com isso, porque existem MUITOS pseudo-filósofos por aí que julgam conhecer tudo sobre tudo, mas não possuem o conhecimento técnico necessário para avaliar uma questão como a do exemplo citado (no caso, dependeria de profundos conhecimentos científicos em áreas diversas e de conhecimento econômico e sócio-político em quantidade considerável). É o clássico exemplo do sujeito que passa 10 anos lendo meia dúzia de autores depois faz uma crítica absurda a um tema do qual aqueles autores trataram, com base na interpetação DELE desses autores... mas ELE nunca estudou aquele tema, e na verdade nem sabe o que é. Muitos "filósofos" fazem isso com as ciências (hoje em dia é moda criticar cientista). O filósofo é importante sim, mas como qualquer pessoa o que ele diz deve ser AVALIADO À LUZ DA RAZÃO - que, diga-se de passagem, também é um processo filosófico.

4:40 - Desconsiderem, "filosofia da fofoca" rebaixou demais a atividade...

4:44 - Jabá.

4:55 - "Eu escrevi, do ponto de vista da filosofia" - EXTREMO CUIDADO COM ISSO. Já é a segunda menção que ele faz à filosofia como uma "entidade". As pessoas tendem a tratar as coisas assim - "A filosofia", "A ciência", "A política"... - como se fossem entidades, ou mesmo INDIVÍDUOS. Isso não existe. Filosofia, ciência e todas as demais atividades humanas são feitas por PESSOAS, e é impossível, na teoria E na prática, conseguir um consenso absoluto. Felizmente, já que é por isso que elas ainda se modificam e se aprimoram com o tempo. Ele escreveu do ponto de vista DELE, que pode ser coerente com a visão majoritária dos acadêmicos ou não.

5:23 - Ele disse que a Cicarelli estava errada porque estava doido para ver ela ***** na praia! Safadêêênho!

7:10 - Muito pertinente o comentário dele sobre "campos aplicados" da filosofia. Alguns "filósofos" radicais não os reconhecem como "filosofia de verdade". Geralmente são os mesmos que não possuem competência para trabalhar em nenhum desses "campos aplicados" (não que TODOS os que trabalham neles sejam competentes, mas enfim...), e se contentam em passar o dia inteiro em uma masturbação encefálica absurda que não leva a lugar algum (na concepção deles, a "filosofia de verdade", ou "filosofia pura").

Detalhe que se não fosse por esses "campos aplicados", como a filosofia da ciência, a filosofia da arte, a filosofia da educação e assim por diante, provavelmente sequer estudaríamos filosofia hoje. E certamente esses campos (artes, ciências, etc.) também não existiriam em sua "forma pura", como os conhecemos.

7:38 - Se embolou. Quis falar bonito e se enrolou todo DE NOVO.

Tecidos os comentários, o vídeo é muito bom (apesar das pequenas gafes). É básico, mas vale a pena para quem tem curiosidade sobre o assunto.

sábado, 8 de março de 2008

BLOG PSEUDO-INTELECTUAL???

Como já devem ter percebido, é minha primeira vez montando páginas na internet. Isso significa que eu não sei nada sobre blogs, sobre “etiqueta de blogagem” nem sobre os termos pomposos que usam para descrever nós, desocupados que gastamos neurônios cuidando de um site de meia-tigela como se cuida de uma planta.

Numa dessas buscas no Google procurando sobre como poderia melhorar minha página eu me deparei com o “Guia Prático do Blog Intelectual". Li o texto e o achei tão idiota, mas tão idiota, que me sinto na obrigação de comentá-lo. Abaixo transcrevo o mesmo, adicionando os meus comentários entre chaves [].

-----INÍCIO DO TEXTO-----

Se o seu blog anda meio desanimadinho??? você não agüenta mais escrever sempre os mesmos posts??? e pior... ninguém agüenta mais LER os mesmos posts??? ninguém mais coloca comentários, e quando coloca, é propaganda de provedor??? e sua conta de estatísticas foi fechada por inatividade??? [Lá vem propaganda tosca ao melhor do estilo POLISHOP]

Chegou a solução: As 7 Atitudes de um Blog Intelectual. O guia do blogueiro que não tem nada a dizer. [Já começou mal pelo nome. Não bastasse isso, é um guia para quem “não tem nada a dizer”. Se você não tem nada na cabeça não vai ter guia que te salve, meu filho...]

Com apenas um capítulo por dia de aprendizado, ao final de uma semana você terá um blog repleto de conteúdo e informação!!! Este é o único guia prático de blogs intelectuais aprovado pelo Paulo Coelho. Imperdível! [E desde quando Paulo Coelho é referência para alguma coisa?]

1 - Nome Do Blog:

O nome do blog intelectual deve ter pelo menos 17 sentidos diferentes [Para ninguém entender um único sequer]. Algo eternamente belo para apaixonados, incrivelmente sensível para suicidas [Boiolice] ou exatamente aquilo que os práticos sempre pensaram [Fale o óbvio]. Para cada pessoa uma interpretação. Sempre incompleta, é claro [Se não tem nada inteligente a dizer, fale algo sem sentido e faça pose!]. Caso você não seja capaz dessa proeza lingüística, pense uma palavra qualquer e traduza para o alemão [Vou mudar o nome deste blog para Würst]. Pronto! Você já tem o nome do seu blog intelectual. [Começou mal pra burro]

2 - Layout do Blog:

Não use imagens. Não use cores. O fundo deve ser branco com fonte times new roman preta [Coisa medonha! Eles querem que a gente escreva o troço como se fosse uma daquelas petições que faziam em máquinas de escrever antigas]. Use no máximo fontes em negrito nos títulos, ou se você for muito ousado, underline [Ousado?]. Quanto mais seu blog ficar parecido com um editorial financeiro do New York Times melhor [No Brasil é assim: se você não for bom o suficiente, COPIE UM GRINGO!]. Qualquer artifício visual pode desviar o leitor do verdadeiro foco do seu blog [Que foco? Ele não disse no início que o guia é para quem não tem nada a dizer?].

3 - Perfil do Blogueiro:

Existem várias alternativas para adotar e tornar-se um verdadeiro blogueiro intelectual [Agora zoaram o negócio... Eles estão ensinando como fingir ser um intelectual, mas você irá “tornar-se um verdadeiro” intelectual...]:

1) Seja depressivo [Bicha]. Veja sempre o lado ruim das coisas [Bicha]. Sempre que possível, deixe bem claro o quão solitário é... [Bicha] mostre ao mundo quanto toda essa medíocridade a sua volta o deprime [Bicha]. Uma boa dica para o blogueiro intelectual deprimido é passar alguns períodos sem postar nenhuma mensagem... isso gera certa apreensão mórbida no seu público leitor [Composto por bichas].

2) Seja neurótico. Ser neurótico é chique [Preciso repetir?]. Pessoas não neuróticas tendem a ser obesas, lentas e passivas [Pessoas SEDENTÁRIAS tendem a ser obesas. Ou então pessoas com pequenas condições endocrinológicas. Isso não tem nada a ver com neuroses...]. Já os neuróticos reagem com maior intesidade às adversidades [Sim, surtando e enchendo o saco de todo mundo]. Mesmo que não sejam exatamente adversidades [...]. Para mostrar-se um blogueiro intelectual neurótico fervoroso [Ai meu deus...], deixe bem claro o quanto as pequenas coisas o irritam. O trânsito... [Confere] os flanelinhas... [Confere] os idosos que não pagam ônibus... [Ei, isso é direito deles!] os atendentes do Mac Donalds... [Pensei que intelectuais não gostavam do imperialismo Yankee!]

3) Seja crítico. Sim... critique tudo! Desde o processo de globalização até a peça de teatro infantil da filha da enteada da sua vizinha [Textos de internet servem?]. Para poder posicionar-se perfeitamente como um blogueiro intelectual crítico de primeira [Cacete, olha o título eclesiástico que inventaram...] é importante saber que existem dois tipos básicos de intelectuais... os que criam... e os que criticam. Caso você não se encaixe no primeiro caso. Não vacile. Caia de cabeça no segundo [Se não conseguir ser original, seja um idiota].

4) Seja sensível. Não adianta ser um intelectual sem coração [Não?]. Mostre que você tem sentimentos. Você é um ser humano... você pensa... [Uau!] e justamente por pensar... você chora [Bicha]. Chora pelos corais do Pacífico. Chora pelo o que a sociedade tornou o Fernandinho Beira Mar [Bicha²]. Chora pelo amor não correspondido à Lara Flynn Boyle [Quem é essa?]. Chore apenas por coisas irreparáveis, caso contrário sua sensibilidade terá sido em vão [Segundo o autor do texto: “intelectual” = bicha].

5) Dicas gerais de impostura intelectual:

- Nunca poste mensagens antes da 1:00AM. [Já sei! Intelectuais não precisam trabalhar de manhã cedo!]

- Sempre que possível, poste o maior número de mensagens entre sexta-feira a noite e domingo de manhã. [Ao invés de aproveitar o final-de-semana para ficar com os amigos e a namorada, ou fazer qualquer coisa mais útil]

- De tempos em tempos escreva algo que nem você entenda, por exemplo: "A massa do eu é um todo complexo e coeso". Mostra que você é uma pessoa complexa... cheia de pensamentos multifacetados. [Ou um completo idiota. NOTA: O pessoal da filosofia é muito bom nisso.]

- Fale palavrões. Depois de um longo texto sobre intolerância religiosa, por exemplo, termine com um 'foda-se' [Para mostrar que você tem argumentos]. Dá muito mais força aos seus argumentos [Viu?]. Mostra convicção. [Ou mostra que você é mal-educado. Mas foda-se. Ei, acho que estou pegando o jeito!]

4 - Títulos dos Posts:

Jamais... entenda bem... JAMAIS coloque um título de post com menos de 9 palavras, sendo que destas, 3 devem ser quadrissílabas [“Tudo o que sempre quis saber sobre sexo e tinha medo de perguntar”. Droga, não há quadrissílabas...]. É imperativo que contenha pelo menos um nome próprio, de preferência composto [“Doce Veneno do Escorpião: o Diário de Bruna Surfistinha”]. Nomes estrangeiros são muito bem recebidos [“Harry Potter e as Relíquias da Morte”].

Alguns títulos de post bem sucedidos:

"A verdadeira psicodinâmica das cores complementares segundo as variantes trinomiais de Ludwig Van Helsing" [Lixo]

"Uma breve análise do parnasianismo espanhol sob o prisma do pré-modernismo da Tchecoslováquia pós-guerra" [Lixo... E o pior é que eu acho que conheço quem escreveu...]

5 - Conteúdo:

O conteúdo é o item mais importante para que seu blog seja comentando nos altos círculos literários [Huahuauhuauahua... Se fosse assim Paulo Coelho não estaria na Academia Brasileira de Letras!]. Geralmente, você pode falar o que bem entender, pois o blog é seu e os visitantes são conseqüência [Então para quê esse monte de conselhos estúpidos?]. Porém existem alguns assuntos de interesse geral, que bem explorados, podem prender a atenção de seus leitores por mais de 20 linhas:

Cinema: É um ótimo tema potencial para blogs intelectuais [Aposto que vão sugerir que o autor fale de filmes iranianos que nem assistiu].

O primeiro passo é deixar bem claro aos seus leitores que você assiste a um filme exatamente como um cardiologista assiste a um cateterismo [Com tédio?]. Isso feito, escolha um repertório de filmes não-americanos jamais vistos fora dos circuitos alternativos de cinema [Ou seja, filmes que foram um fracasso de bilheteria]. Quanto mais distante geograficamente for o país de origem do filme em questão, melhor a crítica. Filmes iranianos ou chineses são uma ótima pedida [NÃO DISSE?! EU SABIA!!!]. Faça sempre que possível referências ao DOGMA, exaltando-o como movimento expressivo do cinema mundial [E o que cargas d’água é isso?].

Se você preferir falar do mundano cinema americano, faça comentários do tipo: "A edição de Titanic é maravilhosa" ou "A direção de arte de Matrix deixa um pouco a desejar" [“Titanic” foi muito bem feito mas a história é um saco; “Matrix” tinha uma história interessante e excelentes efeitos, mas os dois últimos filmes da triologia eram um lixo... Ficou bom assim?].

Notícias: É importante que seu blog tenha dinamismo, e acima de tudo, mostre que você é uma pessoa atualizada nos mais diversos assuntos [Ou seja, copie e cole sem ler notícias que saem no portal da Globo, da CNN e da BBC]. Você pode facilmente agregar várias informações valiosas às notícias do dia-a-dia [Dar pitaco sobre assuntos que não sabe]. Por exemplo, ao dar o resultado de um jogo Corinthians 3 x Palmeiras 1, você não precisa falar apenas do desempenho dos centro-avantes, mas pode elaborar uma grandiosa dissertação sobre o futebol como ferramenta de alienação do povo [Seja hipócrita, fale mal do esporte cujo jogo acabou de assistir aos berros, enchendo o talo de cerveja e subindo na mesa para fazer a “dancinha da vitória”, que inclui abaixar as calças e mostrar o traseiro para seus amigos do time perdedor].

Poesia: Definitivamente, um blog intelectual sem poesia não é um blog intelectual [Batatinha quando nasce...]. Infelizmente, poesia não é para qualquer um... mesmo intelectuais. Caso você não consiga fazer mais do que versos de 'coração', 'paixão' e 'violão' [Isso daria um excelente blog de música sertaneja!], existe uma solução simples e prática para tornar-se um poeta efetivo. 1) Pegue um dicionário da língua portuguesa ["Vá estudar, seu burro"]. 2) Sorteie uma página aleatóriamente [Não vou nem comentar o conselho ridículo do autor do texto, apenas chamar a atenção para um “intelectual” de tão alto nível acentuando a palavra de forma errada]. 3) Feche os olhos e com a ponta do dedo indicador escolha uma palavra qualquer [Lá vem bobagem...]. 4) Anote-a... repita esse processo quantas vezes achar necessário e ao final, coloque-as todas no seu blog separadas por reticências [Veio]. O resultado ficará parecido com [Aquilo que chamam de "arte contemporânea?]:

familiar... mandato...
propalar... colocíntede...
punibilidade... trituramento...
infieldade... surto...
alcaboz... áspide...
defendente... oreógrafo... [Ai meu deus...]

Não se preocupe em encontrar algum significado. Seus leitores com certeza encontrarão [Se for para ser lido por gente estúpida, para que ter trabalho de escrever?].

4) Serviços: para aumentar a audiência do seu blog, você pode prestar alguns serviços ao seu público cativo. Um ótimo exemplo de serviço é um calendário de eventos culturais. Além de passar valiosas dicas de lazer aos seus leitores, você mostra que está a par do cenário cultural de sua região [Ou seja, recomende-os a assistir aquelas peças de teatro e apresentações musicais tão ruins que nem você vai lá ver]. Exemplo:

"Galera! Hoje a noite vai ter o show solo Terra, Raízes e Sentimento do percussionista Duca Mirandinha. Vai ser demais! Quero ver todo mundo lá, hein?" [...]

[Detalhe: a menos que eu esteja enganado a maioria das prefeituras, jornais, rádios e redes de televisão já faz esse tipo de serviço]

6 - Links para blogs amigos:

Depois que notarem a riqueza intelectual do seu blog [Ele falou isso mesmo?], centenas de amigos irão pedir que coloque um link para seus sites. NEGUE! [???] Caso contrário você terá uma infinidade de blogs inúteis ligados ao seu, cheios de bobagens como receitas de muquecas de camarão ou resultados parciais do Brasileirão [Que é mais autêntico que esse lixo todo acima descrito]. Considerando que intelectual não necessariamente é mal educado [Ele não mandou usar palavrões?], seja polido e diga aos seus amigos que existe um incompatibilidade editorial (tm Jodie) entre os blogs, impossibilitando assim a troca de links [Minta]. Caso você queira expandir os horizontes do seu blog, coloque links para sites de outros intelectuais tão ilustres quanto você [Huahauauhauhuhaua...], por exemplo, Stephen Hawkins, Thomas H. Davenport ou Paul Kogan [Tadinhos deles... se soubessem...].

[Em outras palavras: para fingir que você tem conteúdo, precisa ser um mané]

7 - Comentários:

Este é um erro muito comum entre os blogs intelectuais. De nada adianta você fazer um post de trezentas linhas fazendo parelelos entre 11 de setembro e o surrealismo francês [Quem se importa com isso? Aliás, só com muita cana alguém conseguiria traçar um paralelo desses...] e ter sua lista de comentários cheia de pérolas como: "AEEE MANU!!! MANDO BEM!!!! VC RLZ AS TETA !!!!" ou "Oi Má !!! É a Cá !!! Muito fofo esse seu blog, viu??? Te vejo no shopping !!! Bjos MIL !!!!". Somente um comentário desses e sua vida de blogueiro intelectual está seriamente comprometida [Mas pelo menos ainda terá vida social... Se algum dos meus amigos fizesse um blog no molde sugerido, eu iria fingir que não o conheço].

-----FIM DO TEXTO-----

O autor só pode estar de sacanagem. Pelo menos eu espero... A grande lição que eu extraio daqui é: seja um idiota, mas seja um idiota PRETENSIOSO!

Meus leitores (se é que tenho algum...), prometo jamais fazer isso com vocês!

Prefeito proíbe moradores de morrer


Retirado do G1:


"O prefeito de uma vila no sudoeste da França ameaçou os moradores com uma punição severa caso eles morressem. O problema é que não há mais espaço no cemitério local para enterrar ninguém.


Em um comunicado fixado em escritórios públicos, o prefeito Gerard Lalanne avisa aos 260 moradores da vila de Sarpourenx: "Todas as pessoas que não possuem um lote no cemitério e gostariam de ser enterradas em Sarpourenx estão proibidas de morrer nesta paróquia. Trangressores serão severamente punidos."


O prefeito disse que foi forçado a tomar essa medida drástica depois que a cidade vizinha de Pau não autorizou a aquisição de terras particulares para a ampliação do cemitério.


Lalanne, que acaba de completar 70 anos, disse que lamenta não ter conseguido uma solução positiva para o dilema. "Pode ser motivo de riso para alguns, mas não para mim", afirmou."


Não fosse suficiente isso, observem ainda o nome da tal cidade vizinha que começou a bagunça...


Engraçado que não é a primeira vez que vejo uma notícia desse gênero. Alguém aí lembra de casos similares?


Notícia original: http://g1.globo.com/Noticias/PlanetaBizarro/0,,MUL342819-6091,00-PREFEITO+PROIBE+MORADORES+DE+MORRER+POR+FALTA+DE+VAGA+NO+CEMITERIO.html

COMO ESSE LUGAR FUNCIONA?


Após minha chegada ao centro acadêmico do curso de filosofia, em meu primeiro dia de aula naquela universidade, algumas questões começaram a surgir. De ambos os lados. O pessoal do lugar queria saber quem era aquele sujeito que havia caído de pára-quedas ali, e eu queria saber quem eram eles e como aquilo lá funcionava.

Expliquei minha história: como fiz a prova para novo curso superior, como fui aprovado, como exigiram que eu me apresentasse para o início das aulas e como a universidade nem sabia que eu existia. Expliquei como fiquei perdido e tive de encontrar o lugar na base da tentativa-e-erro, como o coordenador do curso me irritou com a explicação imensa que não me levava a lugar algum e como ele não fazia idéia de que eu e mais trinta alunos na mesma situação estaríamos entrando no curso, em um semestre em que não deveriam haver turmas novas. Tive também de explicar minha história pregressa, em quê eu havia me formado anteriormente e onde. Depois disso recomeçaram as mesmas questões que eu já havia ouvido dos amigos e em casa: perguntavam que bicho me mordeu para querer cursar filosofia, que relação eu via entre minha área anterior e o novo curso, o que me levou a “abandonar tudo”, o que eu pensava sobre o atual governo, qual minha cor preferida, o que eu comia no café da manhã... Já não agüentava mais, cada pessoa nova que eu encontrava repetia a mesma bateria de perguntas – talvez filosofia seja REALMENTE uma escolha estranha de curso a se fazer. Eu só não esperava essas mesmas perguntas sendo feitas pelos próprios alunos de filosofia.

Foi lá, dentro do centro acadêmico, que eu fiz meus primeiros amigos no local. O já citado Manoel Mineiro me apresentou a todos, e algo me chamou a atenção. Poucos freqüentadores do centro acadêmico eram de fato alunos do curso de filosofia. Haviam alunos de letras, pedagogia, física, direito, história, artes, educação física e uma série de outros cursos. Mas da filosofia mesmo eram apenas uma meia dúzia. E o mais interessante: cabia esse pessoal todo em um cubículo pouco maior do que a despensa da minha casa. Não só cabiam, como conseguiam se locomover, trocar os vinis do aparelho de som, jogar truco e bisca da forma mais barulhenta possível, beber e fumar – sem que ninguém saísse ferido. E às vezes eles estudavam também.

(Isso significava também que o centro acadêmico era o único lugar na filosofia em que você conseguia encontrar um número considerável de pessoas do sexo feminino – embora em geral elas não fossem da filosofia)

Naturalmente eu tinha muitas perguntas sobre tudo aquilo, e a principal delas era: o que raios é esse lugar e como funciona? A maioria dos meus novos amigos me respondia com frases incompletas, enigmáticas ou com “relaxe, jogue este ás que você tem na mão”. Até que eu comecei a insistir demais e começaram a me dizer que tudo o que eu queria saber deveria perguntar ao “Vico”, que era a pessoa mais bem informada do local.

E cadê esse tal de Vico?

Vico era um dos alunos da filosofia. Era da minha idade, mas parecia mais novo – tinha o rosto de um menino de quinze anos. Era de uma família de advogados; estudava direito pela manhã e filosofia à noite. E era o “manda-chuva” do centro acadêmico. Não posso usar os termos “presidente”, “coordenador” ou nenhum correlato porque na época eu simplesmente não entendia direito como o lugar funcionava. E hoje mesmo não entendo muita coisa.

Na verdade, ele cuidava daquilo ali sozinho. Os demais companheiros dele na administração do lugar haviam fugido – foram cuidar de outros assuntos e foram abandonando suas funções paulatinamente. Alguns trocaram de curso, outros haviam abandonado a faculdade, a maioria simplesmente parou de se importar mesmo. Sobrou ele, que cuidava de toda a burocracia do local, bem como de vários problemas mais urgentes de ordem prática. Vico me explicou praticamente tudo o que eu precisava saber para sobreviver por ali nos primeiros meses, até que começasse a aprender algumas coisas sozinho.

Uma das coisas interessantes sobre as universidades é que se você já viu uma, já viu todas. Claro, a localização muda, o nome muda, a infra-estrutura muda... mas as pessoas não. Se na sua primeira graduação você tinha um colega que ia às aulas com uma camiseta condenando o imperialismo da coca-cola, na sua segunda graduação haverá alguém exatamente igual. Não apenas em relação à camisa ou a esse pequeno ponto de pauta ideológico. EM TUDO. Os dois irão falar da mesma forma, gesticular da mesma forma, andar da mesma forma, ouvir as mesmas músicas, ter os mesmos hobbies e ler os mesmos livros. Irão argumentar sobre qualquer assunto seguindo a mesma linha de raciocínio. E ambos irão se considerar pessoas extremamente originais. E se sentirão profundamente ofendidos se você falar que conheceu alguém exatamente igual.

Por isso, consegui distinguir uma série de “tipos” de pessoas por lá com bastante facilidade, o que me ajudou muito durante meu período de adaptação. Claro, se eu disser isso em voz alta pelos corredores irei ser execrado publicamente, taxado de mentiroso, preconceituoso e acusado de julgar apressadamente as pessoas. Mas é a mais pura verdade. Mudam apenas os rostos. Nem o estilo da armação dos óculos (de quem usa, claro) muda.

As pessoas da filosofia.

Na filosofia um tipo bastante comum são os engajados políticos. Os homens usam barba, vestem camisas vermelhas com a foto de Che Guevara ou com o símbolo de algum partido de esquerda, e transformam qualquer menção a assuntos políticos e econômicos em um longo discurso sobre os males do capitalismo. As mulheres obviamente não usam barba, mas costumam usar bottons de partidos em suas bolsas e roupas, e falam muito, MUITO alto. O tempo todo. Até para lhe pedir alguma coisa elas tentam estourar os seus tímpanos. Discutindo os rumos da política brasileira então, nem se fala. Todos eles adoram MPB, e quando perguntados sobre seus artistas preferidos mencionam Chico Buarque, Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Maria Bethânia e Elis Regina. Só. Nunca encontrei um engajado que fosse capaz de mencionar um compositor ou intérprete diferente desses cinco.

Existem também os neo-hippies e simpatizantes. Ao contrário dos hippies históricos, tomam banho e aceitam uma carona para chegar na universidade de vez em quando. Até usam computadores para escrever seus trabalhos acadêmicos. Geralmente não comem carne, mas há exceções. Lêem Sartre e são anarquistas – a erudição deles sobre anarquismo é tão grande que acham Bakunin um autor “ultrapassado”. Praticam malabares. Tanto homens quanto mulheres usam bolsinhas coloridas onde transportam seus pertences. Geralmente andam com roupas bem confortáveis, feitas de fibras naturais como algodão ou linho. E sandálias, claro.

Há os artistas intelectuais. Nem todos são intelectuais de fato (na verdade, praticamente nenhum é!), mas todos fazem um esforço hercúleo para parecer assim. Eles podem ser facilmente distinguidos dos engajados políticos por conseguirem lembrar de grandes nomes da MPB que não são os cinco supra-citados. Alguns pintam, outros esculpem, outros escrevem, outros compõem, outros fazem tanto esforço para parecerem originais que possuem alguma forma bizarra de arte, batizada com um nome que eles inventaram. Muitos tentam fazer tudo isso ao mesmo tempo, sem sucesso. Geralmente gostam de filmes que ninguém vê, peças de teatro que ninguém assiste e coisas que ninguém conhece – a não ser eles mesmos. Cinema francês ou filmes brasileiros dos quais ninguém nunca ouviu falar encabeçam o topo da lista. E em matéria de arte, só serve aquilo que pode ser classificado como “contemporâneo” – se você disser que gosta das pinturas renascentistas, das esculturas da Grécia antiga ou de música clássica, eles irão te olhar com um certo desprezo mas tolerarão sua presença no local. Você ainda não possui o mesmo refinamento deles, mas pelo menos não é um completo abrutalhado. Manoel Mineiro se encaixava nesse grupo.

Existem os góticos. Sempre de preto, na maioria das vezes usando coturnos, às vezes sobretudos. É difícil entender como alguém pode se vestir assim no Brasil, em pleno verão, e não derreter de suor. Lêem quadrinhos, mas apenas quadrinhos rebuscados dos quais ninguém nunca ouviu falar. Ouvem bandas de rock, mas as chamam de alguma outra coisa – gothic metal, grind core, death metal, doom-alguma-coisa ou qualquer outro nome em inglês que queira dizer exatamente o mesmo. Ironicamente costumam gostar de música clássica e geralmente conhecem bem o assunto. Costumam ter muitas tatuagens. Se dão muito bem com os “intelectuais”, chegando por vezes a se encaixar em ambos os perfis ao mesmo tempo. Passam boa parte do tempo tentando se comportar como os coadjuvantes de seriados de vampiros que passam na TV a cabo.

Quem costuma andar muito com os góticos são os metaleiros. São praticamente iguais, com a diferença que eles não dão tanta importância ao rótulo da música que estão ouvindo, desde que existam guitarras no meio. Eles também não tentam parecer vampiros, nem sempre se vestem de preto (embora ainda o façam com freqüência) e SEMPRE usam cabelos compridos.

Obviamente não podem faltar os “ungidos de deus”. Independente da religião que seguem, são pessoas que geralmente falam baixo (MUITO baixo, do tipo que você precisa chegar bem perto para entender o que estão dizendo), se vestem impecavelmente – como se fossem a alguma reunião social importante – e aproveitam qualquer oportunidade para pregar no seu ouvido. Estão sempre com algum livro de cunho religioso debaixo do braço, e passam o tempo todo dizendo como são felizes e satisfeitos com a vida. Mas viram verdadeiras feras selvagens quando encontram alguém que não acredita no deus deles – seja um adepto de outra religião ou um ateu assumido. E não adianta tentar ser respeitoso, se você falar de forma educada e em tom de voz baixo que não acredita, eles ficarão escandalizados e começarão a pregar para você. Toda e qualquer discussão com eles, sobre qualquer assunto – política, economia, futebol, comportamento, cinema, música ou o tempo chuvoso – é sempre levada para o lado religioso. Toda a realidade é interpretada com base nisso. Poucas coisas são mais divertidas (e perigosas) do que ver um ungido de deus brigando com outro.

Quem geralmente se mete em problemas com os “ungidos” são os crédulos doentios. Um crédulo doentio é aquele que acredita em TUDO, sem ressalvas. Alguém colou um cartaz na universidade falando sobre como as energias de cristais coloridos e perfumados podem melhorar sua vida? Ele vai atrás de informações sobre o negócio e passará meses estudando sobre o assunto, enchendo a paciência de todos à sua volta com suas novas e “fantásticas” descobertas. Costumam gostar de astrologia, cristais, parapsicologia, florais de Bach (eu pensava que Bach era músico!), runas, cromoterapia, discos voadores e toda sorte de coisas afins. Muitos são de famílias cristãs e por isso são espíritas. Outros tentam ser góticos ao mesmo tempo em que são crédulos doentios e por isso dizem que seguem Wicca (seja lá o que diabos isso for). Os demais geralmente adotam religiões orientais ou, mais comum ainda, misturam todas essas coisas em uma pajelança só.

Por último, mas não menos importante, estão os que não dão a mínima. É realmente difícil descrever esse grupo, mas em geral são pessoas que não se encaixam em nenhuma das anteriores. Os engajados políticos os acusam de serem porcos capitalistas que entram na universidade com o único intuito de pegarem o diploma (e não é para isso que serve?), os neo-hippies os acham seres cruéis que comem carne às custas do sofrimento de milhões de vaquinhas, os pretensos intelectuais os acham abrutalhados que não entendem nada sobre nada, os góticos e os metaleiros acham que eles não possuem estilo, os “ungidos de deus” os consideram pessoas sem fé que ainda não estão preparadas para a “verdade” (mas tentam lhes explicar sobre essa “verdade” o tempo todo!) e os crédulos doentios também os consideram pessoas sem fé que ainda não estão preparadas para a “verdade”. Em resumo, era o grupo em que Vico e eu nos encaixávamos. E foi por isso que ele teve tanta facilidade em me explicar como as coisas funcionavam por ali...

(Continua no próximo “capítulo”!)